Era a manhã do dia 12 de Outubro de 2006.
Levantei-me ensonada para ir trabalhar. Estava um dia de sol e o frio não se fazia sentir exageradamente, porém, estava uma temperatura amena, própria do início do Outono.
Mas... Eu não estava bem!
Havia qualquer coisa que me inquietava por dentro. Não sabia o quê mas era algo tão forte que começei a aperceber-me disso mal entrei no carro.Ia na estrada e pensei no meu pai. Senti uma vontade forte de lhe ligar - coisa que não é nada habitual, pois sei que ele anda no seu trabalho de instrução automóvel e não gosto de o incomodar ou distrair - andar na estrada é uma tarefa de grande responsabilidade e não devemos dar a mínima oportunidade ao perigo.
Quando verifiquei que ele não me atendia o telefone, pensei que estaria em plena realização de exames de condução. No entanto, não fiquei nada calma, pelo contrário, subia-me um calor pela coluna e as minhas pernas estavam trémulas, a minha cabeça estava zonza e o meu pensamento bloqueado. Eu precisava falar com ele! Estava a ficar cada vez mais ansiosa, inquieta e preocupada! Sensações de pânico já se faziam sentir dentro de mim!
Até que falei a mim mesma que estava a exagerar e que estaria tudo bem. Ia concentrar-me no trabalho e esperar que ele me ligasse de volta.
Até que enviou uma SMS a dizer que realmente estava em exames de condução e depois me ligaria quando pudesse.
Fiquei um pouco mais aliviada, ainda assim, o aperto e a angústia continuavam no meu peito e uma vontade de chorar assaltava-me intensamente!
Cerca de uma hora depois, o meu Pai ligou. Perguntei de imediato se estava tudo bem, ao que me respondeu: - "Mais ou menos!..." Arregalei os olhos e perguntei o que se passava e ele confirmou a razão de todo aquele meu mal-estar: tinha tido um acidente 10 minutos depois de me enviar a SMS.
Em 1998, quando eu tive um brutal acidente de viação na A1, foi o meu Pai que pressentiu e estava exactamente no mesmo estado que eu estivera neste dia. Desta vez fui eu quem pressentiu o acidente dele.
Digam o que disserem, eu acredito que como seres espirituais que somos, temos ligações muito fortes com certas pessoas na nossa vida. Ligações que transcendem a distância e ausência física e passam todas as barreiras do material... manifestam-se ao nível das emoções, do nosso ser, do espírito!
Graças a Deus foi apenas um enorme susto. Podia ter sido muito grave, mas apenas lhe causou uma tremenda dor de costas, com o impacto na traseira do carro, onde ía sentado. Ele está bem e eu agora também...
Mas contra factos não há argumentos!
Senti que algo estava errado....e com quem era: o meu Pai! O meu querido e amado Pai.